UM BOM E RESPEITADO DIRIGENTE SINDICAL
Num mundo contemporâneo onde os
fatos, os acontecimentos surgem ou mudam a todo o momento, a informação e o
conhecimento é o principal combustível para estarmos sempre atualizados e
preparados para desenvolvermos nossas tarefas, nossos trabalhos com
profissionalismo, seriedade e acima de tudo com eficiência.
Um dirigente sindical se forma
com experiência, muito trabalho e dedicação. Como as águias, aprende mais
rápido quem consegue enxergar longe, e para todos os lados, tanto na vida
quanto na política e no movimento sindical. Depois de pesquisar e ter o
privilegio, (desde 2008) de acompanhar o trabalho de um dos mais respeitado e
experiente líder sindical, Mauri Viana Pereira, sempre atento em sua forma de
trabalhar e conduzir as ações de um sindicalismo de resultados, pontuamos aqui cinco
pontos fundamentais para se transformar num bom e respeitado dirigente
sindical.
1 – Manter-se sempre bem informado sobre a situação política,
econômica, social e cultural do País
É importante ler diariamente os
principais jornais e assistir aos grandes telejornais, a chamada grande
imprensa, porque esses veículos possuem uma maior cobertura política e
econômica do País e internacional. Por meio deles se pode ficar sabendo o que está
acontecendo, e qual o principal debate naquele momento. Além disto, são os
grandes jornais que pautam as notícias e conversas nos locais de trabalho. Mas
é fundamental desenvolver uma visão crítica da mídia, buscando detectar quais
setores sociais suas notícias e seus pontos de vista representam.
Muitos comentaristas,
articulistas e formadores de opinião escrevem ou participam desses jornais.
Acompanhar estas colunas ajuda muito a termos uma visão ampla e aprofundada dos
fatos. Existem muitas visões interessantes sobre, por exemplo, a PEC 241, a
reforma da Previdência, a ocupação das escolas etc.
E, também, ler diariamente mídias
alternativas através das redes sociais, que apresentam uma visão diferenciada
da grande imprensa e têm crescido de importância diuturnamente em todo o mundo.
Hoje, são também elas organizadoras de movimentos e formadoras de opinião,
integram e incentivam multidões, o que, no passado, era feito exclusivamente
pela grande imprensa. É importante ser crítico, não ser sectário, ser sensato,
aberto ao debate e não ter qualquer constrangimento em mudar de opinião quando
estiver convencido.
2 – Conhecer seu sindicato
Geralmente o próprio sindicato
guarda em seus arquivos, ou com seus diretores, documentos, jornais, livros e
fotos sobre a história da entidade. É legal buscar isso tudo. Sabendo um pouco
da história – a história da categoria, em que contexto o sindicato foi fundado,
quais as diretorias que já passaram por ele, períodos históricos de maior
acirramento, grandes greves e manifestações, qual sua tendência política
majoritária –, nossa visão sobre o sindicato fica mais apurada, e isto nos
oferece mais segurança para nos colocarmos como sindicalistas. Estudar é
condição obrigatória para a formação de um dirigente. Se não há tempo formal no
seu dia a dia, organize-se melhor. Sempre é possível participar de debates,
lançamentos de livros ou mesmo buscar informações na internet e visitar os
sites dessas entidades.
Outra boa forma de conhecer a
história é conversando com dirigentes sindicais. Muitos deles estão há muito
tempo no movimento. Já passaram por várias situações, como o fim da ditadura
militar, o Conclat e o embrião das centrais, a campanha pelas Diretas Já!, além
da fundação das principais centrais sindicais do Brasil.
3 – Conhecer a história geral e a história das lutas sociais do Brasil
e de outros países
Para conhecer a história do
sindicato é essencial saber em que contexto ela se desenvolveu. E esta é a
deixa para que o sindicalista busque conhecer a história do seu País e de
outras nações. A forma mais eficaz de se conseguir isto é recorrer aos livros.
Desta forma, podemos afirmar que ler é uma atividade obrigatória. Ler sobre a
história é um dever daqueles que estão comprometidos com a luta dos
trabalhadores, que, claro, estão fazendo a história com sua visão de classe.
Autores como Celso Furtado, Darcy
Ribeiro, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré,
Edgar Carone, Jorge Ferreira e Elio Gaspari são as indicações prioritárias
desta biblioteca básica. Há também autores especializados no movimento sindical
ou no mundo do trabalho, como José Albertino Rodrigues, John French, Paula
Beiguelman, Celso Frederico, Leôncio Martins Rodrigues, Heloísa de Souza
Martins, Iram Jacome e Ricardo Antunes, entre outros. Mas também é legal ficar
de olho nas entrevistas ou matérias especiais nos jornais. Em geral, os jornais
apresentam pesquisas de muito boa qualidade e com formato e linguagem atuais.
4 – Buscar uma cultura geral
A cultura não deve ser vista
apenas como lazer e entretenimento. Músicas, filmes, teatros, textos e artes
plásticas, entre outras formas de cultura, transmitem informações e ideias com
uma linguagem própria. Consumir cultura enriquece o ser humano, aprimora a
inteligência, melhora o discurso, ajuda a nos livrarmos de preconceitos, como
racismo, machismo, homofobia. Estas manifestações são fundamentais para formar
nosso pensamento, nossa subjetividade, e isto é fundamental para que o
sindicalista possa compreender a diversidade étnica, cultural, política,
sexual, social entre os trabalhadores e nossas famílias.
5 – Redes sociais
Atualmente ninguém, muito menos
um dirigente sindical, pode ficar alheio às redes sociais como importante
instrumento de diálogo entre os trabalhadores e a sociedade como um todo.
Participar do Facebook, do Twitter, do Whatsapp, e consultar a melhor forma de
usá-los, pode se transformar em um instrumento poderoso, rápido e eficiente
para que você se comunique com sua base e, principalmente, para que você ouça
as demandas. É importante enfatizar que estes novos instrumentos devam ser
usados com seriedade e compromisso com a luta sindical e política. Mesmo em
suas contas pessoais o dirigente é visto como alguém que representa o
sindicato. Por isto deve-se tomar cuidado para, mesmo mostrando sua
personalidade, não ser vulgar ou demonstrar qualquer descompromisso para com a
sociedade, seja por meio de preconceitos ou maus exemplos de conduta social.
Muitas vezes é ali que um companheiro ou companheira vai buscar sua opinião
sobre determinado assunto.
Enfim: muitos de nossos
dirigentes não tiveram a chance de prosseguir em suas formações escolares, pois
a vida lhes encaminhou ao trabalho. Mas a prática, a análise da prática, o
tentar de novo, a leitura complementar à sua ação é o que fará de você um bom e
respeitado dirigente, um grande representante do sindicato, da federação, da
confederação e da central sindical, um conselheiro do seu município, do Estado,
do País, e até, por que não, um parlamentar ou um administrador público, como
muitos exemplos positivos que tivemos e continuaremos a ter.
Marcelo Silva
Equipe de comunicação – Fenatracoop