Por que os jovens perdem mais na crise e o que eles podem fazer
Os jovens têm
sido os mais afetados pela piora do desemprego em
meio a uma das maiores crises econômicas já
registradas no Brasil. Segundo dados do IBGE, o desemprego na população em
geral foi de 8,3% no primeiro semestre de 2015 para 11,3% no mesmo período de
2016. Enquanto isso, a taxa de desemprego entre a população de 14 a 24 anos
passou de 19,3% para 26,5% na mesma comparação.
A taxa de desemprego é sempre
mais alta entre os jovens. Com menos qualificação e experiência profissional,
eles acabam ficando menos tempo nas vagas até que consigam se estabilizar. Ainda
mais em tempos de crise. Do ponto de vista das empresas, é mais importante
manter os cargos mais altos, e os postos destinados aos mais jovens são os
primeiros a serem cortados.
Imagine um jovem que trabalhava
para se sustentar e pagar seus estudos. Precisando cortar gastos, sua empresa o
demite. Agora imagine outro jovem, que tem os estudos pagos pelos pais e não
precisa trabalhar. Nesse caso, sua mãe ou pai sustentava a família e perdeu seu
emprego em uma empresa que fechou com a crise. O primeiro jovem precisa
encontrar um novo emprego. O segundo, com renda familiar comprometida, precisa
começar a procurar. Com um mercado de trabalho fraco e poucas vagas abertas,
tanto um quanto outro podem demorar para encontrar.
Mas para Wilson Amorim, professor
do departamento de Administração da FEA-USP, é o primeiro caso, do jovem que já
estava no mercado de trabalho, que tem pesado mais. “O mais comum é que o
segundo semestre apresente uma taxa de desemprego em queda”, afirma. “Mas, de
setembro e outubro de 2014 para cá, não observamos esse comportamento normal”.
O QUE ESPERAR
Segundo Rafael Bacciotti,
economista da consultoria Tendências, a economia já deve melhorar no ano que
vem, com um crescimento de 1,5% no PIB: “O índice de desemprego deixaria de
subir ao redor do 1º trimestre e, então, poderia caminhar para uma trajetória
de redução”.
Uma projeção semelhante é
apontada por Juliana Serillo, economista da MB Associados. Para ela, a
expectativa é que em dezembro de 2017 o índice de desemprego agregado já
diminuirá para 10,6%. “A partir disso, há um movimento natural e todas as taxas
voltam a índices mais normais”.
Além disso, o próprio número de
pessoas procurando emprego deve diminuir – quem perdeu o emprego pode voltar ao
mercado e, quem havia começado a procurar, pode deixar de precisar. Segundo
ela, esse movimento já tem mostrado seus sinais. Isso, é claro, se a
recuperação econômica se confirmar. A previsão para 2017 do Boletim Focus, que
expressa o consenso do mercado, caiu de 1,3%
para 1,13% no último mês. “A dinâmica de recuperação ainda não é
clara”, explica Bacciotti, completando que o cenário atual é comparável aos
anos 80, a chamada “década perdida”.
ATÉ LÁ…
Um mercado de trabalho fraco não
é desculpa para se acomodar. Para Amorim, é justamente o contrário: “Em um
cenário de maior oferta de empregos, as organizações terão filas. E vai estar
em primeiro quem se qualificou”, explica.
Sendo assim, buscar por cursos
técnicos ou de idiomas é uma boa opção. O professor destaca que quem não tem
como pagar por uma formação não precisa ficar parado: “É importante se manter
atualizado e buscar pela programação gratuita pela cidade. Sempre há opções de
palestras e muitas coisas culturais, principalmente em faculdades que abrem
para o público”.
Outro ponto fundamental, segundo
ele, é o networking. Avisar aos amigos e conhecidos que se está em busca de
novas oportunidades, por exemplo, pode ser uma boa ideia.
FONTE: http://exame.abril.com.br/