Movimento sindical: mudar é preciso!
Por Yuri Guerman
Política sindical requer de quem a exerce: paciência, informação e sensibilidade para sempre enxergar além do óbvio. A luta de classe não é nada fácil diante dos desafios colocado pelo capital. Interesses opostos tentam de todas as formas através de negociações consolidarem o que já conquistaram e avançar um pouco mais no terreno.
De um lado o capital tenta garantir seus lucros com base na mão de obra barata, de outro lado os trabalhadores tentam preservar seus empregos e garantir no mínimo a recuperação de suas perdas salariais e alguns avanços nos seus benefícios, esse é o jogo.
Clinicamente os desafios desse enfrentamento estão se tornando cada vez mais complexos. A luta de classe, por parte dos trabalhadores, parece que momentaneamente está perdendo força. Obviamente isso se dá devido ao momento econômico que está produzindo mais desempregos do que colocação no mercado de trabalho, mas a desmobilização não se resume a só isso.
Nosso sindicalismo ainda parece estar ligado ao século passado, principalmente quando chora pelo abandono do Estado no que se refere à questão de arrecadação financeira, para ser mais claro, o fim do imposto sindical. Talvez esse fato seja a única coisa que no Brasil momentaneamente tem unificado dirigentes sindicais dos dois lados, patrões e trabalhadores.
A quebradeira sindical tem sido geral, sedes sendo vendidas, patrimônios colocados à venda, demissões em massa. Jamais imaginávamos que um dia o sindicalismo geraria tanto desemprego, algo estranho no mundo do trabalho.
Buscar alternativas de mudanças não é simplesmente mudar a tática e estratégias de luta. É necessário ter claro que o caminho tem que ser outro, que a contramão pode ser a via de mudança. E buscar alternativas reais que estão ao alcance. É necessário entender e aceitar que a estrutura sindical brasileira não foi feita para os trabalhadores, foi feita pela o Estado com o intuito de controlar a luta de classe.
Portanto enxergar além do obvio, talvez seja ter em nossa mente que não existe nada fácil e nada simples dentro dessa luta desigual. Os trabalhadores sabem e tem claro que o sindicato ainda é e será por muito tempo a sua segunda casa e confiam nas suas assembleias e mobilizações.
No entanto é bom saber e termos claro que existe uma necessidade real de estarmos sempre presente no cotidiano e na vida de nossos companheiros. Hoje em dia a velocidade da comunicação nos permite isso, muito mais do que imaginamos.
Para finalizar, o exercício da política sindical como tantas outras, não pode se limitar a uma questão meramente burocrática, o real valor está no contato direto com os trabalhadores da nossa categoria em varias regiões e observar as suas peculiaridades diante da realidade em que vivem, sentir o calor humano, estender e apertar a mão firme, quente e carregada de energia de quem deseja vender os desafios que a vida lhe estabelece. Não há nada mais realizador do que estar sempre no trecho e jutos aos trabalhadores.
Yuri Guerman é Delegado Sindical e responsável pelos trabalhos da Federação Nacional dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas no Brasil – Fenatracoop no estado do Rio Grande do Sul.