Ministério Público do Trabalho condena reforma trabalhista
O Ministério Público do Trabalho
(MPT) afirmou na terça-feira (24/01), que são “inconstitucionais” as mudanças
na legislação trabalhista propostas pelo governo federal, que tramitam no
Congresso. O estudo, elaborado por 12 procuradores do trabalho, pede a rejeição
por completo de dois projetos de lei e a alteração na redação de outros dois.
Para os procuradores, as mudanças
contrariam a Constituição Federal e as convenções internacionais firmadas pelo
Brasil. Além de gerarem insegurança jurídica, têm impacto negativo na geração
de empregos e fragilizam o mercado interno.
Ao final da reunião do MPT com
centrais sindicais, associações que atuam no âmbito da Justiça do Trabalho e
outras entidades, os integrantes assinaram um documento, intitulado “Carta em
defesa dos direitos sociais”. O texto de duas páginas teve, segundo o MPT, a
assinatura de 28 entidades, entre elas, a Central Única dos Trabalhadores
(CUT), a Força Sindical e a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho
(Anamatra).
O texto diz que “é da maior
importância que as propostas não tramitem sem que seja promovido um grande e
profundo debate com toda a sociedade”.
Segundo o documento, todas as entidades
concordaram que não pode haver discussão em regime de urgência dessas
propostas. “Foi deliberado que haja uma prévia discussão à tramitação destas
propostas”, afirmou o procurador-geral do trabalho, Ronaldo Fleury.
Outra resolução da reunião foi a
criação do Fórum de Defesa do Direito do Trabalho. “Se há necessidade ou não de
alteração da CLT, que haja efetiva participação da sociedade nessas discussões.
O fórum está sendo criado hoje e a partir daí a ideia é que possamos discutir
com o governo, o Legislativo e o Judiciário sobre as reformas”, afirmou.
O procurador-geral do Trabalho
disse também que “o intuito não é qualquer atuação político-partidária, mas,
sim, a atuação na defesa dos direitos sociais e na defesa dos direitos dos
trabalhadores”.
As quatro notas técnicas que
compõem o estudo do MPT abordam a prevalência do negociado sobre o legislado, a
flexibilização da jornada, o regime de tempo parcial, a representação de
trabalhadores no local de trabalho, a terceirização da atividade-fim, o
trabalho temporário e a jornada intermitente. Segundo o texto dos procuradores,
tudo isso está sendo “imposto de forma a provocar um grande desequilíbrio nas
relações entre empregados e empregadores no país”.
Os dois projetos que os 12
membros do MPT querem ver descartados são o PL 6787/2016, que, segundo os
procuradores, impõe a prevalência do negociado sobre o legislado, e do PLS
218/2016, que permite a terceirização da atividade-fim por meio do chamado
“contrato de trabalho intermitente”.