Escola Dieese de ciências do trabalho
Formação sindical não é um processo barato. Contratar professores, alugar espaço para ministrar aulas, investir em material didático e de classe: tudo isso envolve recursos que precisam ser bancados, de um modo ou de outro, pelas próprias entidades sindicais e seus filiados. Nesse cenário, as dificuldades de financiamento, exacerbadas a partir da Reforma Trabalhista (Lei № 13.467/2017) do governo de Michel Temer, podem ser um sério impeditivo para a renovação de ideias e procedimentos, questões fundamentais para a sobrevivência do sindicalismo brasileiro.
Como alternativa em um cenário de escassez, a modalidade de Ensino a Distância (EAD) surge como um potencial apoio educacional, reforçando o caráter insubstituível da experiência presencial. É nisso que aposta o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Desde 2012, a entidade mantém a Escola Dieese de Ciências do Trabalho, que oferece cursos e atividades de extensão. Além da graduação em “Ciências do Trabalho” e cursos de pós-graduação em “Economia e Trabalho” e em “Sindicalismo e Trabalho”, a Escola passou a oferecer, a partir de maio deste ano, cursos de extensão na modalidade EAD em uma plataforma exclusiva.
Diretor técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio defende que os sindicatos precisam preparar seus quadros não apenas para entender as mudanças em curso no mundo do trabalho, mas também para serem capazes de imaginar e exercer novos modos de luta e organização nesse cenário em transformação. “Se não houver formação no centro desse processo, ele vai se dar por tentativa e erro, mas não será uma coisa articulada e coordenada. É fundamental que os sindicatos façam esse investimento”, argumenta durante entrevista ao Democracia e Mundo do Trabalho em Debate.
Em semelhante cenário, a oferta de cursos em EAD de curta duração é uma alternativa para amarrar essas duas pontas, unindo a necessidade de formação e a busca de alternativas que caibam no orçamento. O primeiro curso oferecido é “A Reforma da Previdência – Entenda o que está em jogo e o que muda para você”, capacitando os participante a compreender as alterações no Regime Geral e no Regime Próprio que estão sendo apreciadas no Congresso Nacional. A professora autora do curso é a economista Patrícia Toledo Pelatieri, atual coordenadora de pesquisas do Dieese.
A ideia do Dieese é disponibilizar, nos próximos meses, mais opções de aprendizagem à distância, adaptando parte dos cursos de especialização e pós-graduação oferecidos de forma presencial na Escola do Dieese, em São Paulo. Assim, explica Clemente, a entidade pretende não apenas capacitar pessoas para analisar e atuar de forma crítica em temas ligados à agenda dos trabalhadores, mas também atender de forma ágil aos múltiplos desafios do panorama atual, que exigem uma ação renovada e preparada das lideranças sindicais. Além, é claro, de oferecer qualificação útil para a busca de melhores posições no mercado de trabalho.
O diretor técnico do Dieese faz uma ressalva, deixando claro que não vê a modalidade EAD como capaz de dar conta, sozinha, de todas as necessidades dos sindicatos – em especial no que se refere a quadros mais velhos, menos acostumados ao uso de tecnologias digitais. “Não acredito que a formação apenas pela internet seja possível, porque se tornar um dirigente sindical, por exemplo, exige o ombro a ombro, o calor do debate. A formação sindical tem que combinar o uso dessa tecnologia, de forma que as pessoas se apropriem desses conhecimentos, mas também pensar atividades presenciais, com a vivência de debater, de enfrentar, de propor, de argumentar e deliberar coletivamente. Saber perder o debate, errar e depois corrigir, avaliar, isso tudo é amadurecimento político, que se complementa e reforça a partir das atividades de ensino”.
Mais informações sobre os cursos do Dieese, incluindo a modalidade EAD, podem ser obtidas no site http://www.escola.dieese.org.br/escola ou pelo telefone (11) 3821-2178, em horário comercial.