Empregados sofrem com fantasma do desemprego e acúmulo de função
A falta de emprego não afetou apenas que perdeu a
posição e busca uma nova vaga no mercado de trabalho. Quem está empregado
também sofre com os efeitos da crise: 56% dos empregados estão acumulando
funções e atividades de outras pessoas, e metade constatou que os colegas de
trabalho estão com medo de perder o emprego.
“Para aqueles que conseguiram resistir ao corte e às
demissões, há muita incerteza nesse momento.
Quem está empregado acaba
trabalhando sob pressão e com a desconfiança de que pode ser desligado a
qualquer momento. Isto é ruim para o funcionário, que acaba produzindo menos, e
também para a empresa, que pode ter uma equipe desmotivada e com baixa estima”,
explica Rafael Urbano, coordenador da pesquisa na VAGAS.com.
A pesquisa questionou como está o clima de trabalho na
empresa desses empregados. Metade informou que as pessoas estão com medo de
perder o emprego. Para 27%, o ambiente é de pessimismo e outros 23% relataram
que há um tom otimista e que o cenário irá mudar.
Do total das empresas que passam por retração ou
endividamento (42%), o estudo procurou aprofundar essa questão e saber como
essas companhias estão se adequando à situação do mercado. Dos funcionários que
trabalham nessas companhias, 72% informaram que há corte e redução de custos. Metade
disse que a adequação passa pela demissão de pessoal. O aproveitamento de
recursos internos é uma alternativa para 21%. A renegociação de dívidas é
realidade para 14%. Engajando os profissionais para enfrentar o momento atual é
resposta de 9% e capacitando os empregados, 4%.
O reajuste salarial também passou longe das empresas
nos últimos 12 meses. Do total de empregados, 67% informaram que não tiveram
nenhum tipo de aumento em um ano. Por conta desse quadro, 54% acreditam que não
terão reajuste neste ano.
“Em momentos de crise e adversidades, as empresas têm
de recorrer a alternativas que viabilizem a continuidade de seus negócios, a
sustentabilidade da operação. E isso pode significar o desligamento de pessoas,
que muitas vezes é um processo difícil já que envolve relações humanas. Mas há
outras alternativas que podem ajudar a diminuir esse quadro de demissões. O que
vimos é que há outras possibilidades que vão além do corte de funcionários”,
conta Urbano.
O levantamento foi realizado de 5 a 11 de abril deste
ano com 2.690 pessoas. Desse total, 54% é composto por homens e 46% por
mulheres. A idade é média de 32 anos, com nível superior (58%), sem filhos
(64%) e desempregados (68%).
COMPLEMENTO DE RENDA
Mesmo estando empregado, muita gente procurou uma
segunda atividade para complementar a renda. De acordo com os dados
apresentados, um em cada três (34%) está nesse tipo de situação. As funções que
mais apareceram como trabalho extra foram: vendas/ comercial, trabalhos
técnicos, serviços gerais/ ajudantes, aulas/monitoria, consultoria,
atendimento/ atendente, freelancer, entre outros. “As pessoas não estão
esperando ficar desempregadas para buscar uma outra ocupação, mesmo que
temporária. É um movimento ativo e que mostra que o brasileiro precisa cada vez
mais ser versátil e dinâmico para honrar seus compromissos e manter seu padrão
de consumo”, analisa o coordenador.